sexta-feira, 7 de março de 2008

Solidão.


Sou uma pessoa carente por natureza. Procuro nos outros o que me faz falta dentro de mim. Força, coragem, satisfacção pessoal, amor próprio, carinho, segurança. Por vezes sinto-me perdido, sinto um vazio a encher o meu ser como se não existisse. Procurar afasta ainda mais o encontro de todas estas virtudes que tanto me fazem falta nesses momentos. Então continuo a espera que os meus amigos, companheiros e familiares me demonstram que afinal eu já tenho estas qualidades. Mesmo assim, não é suficiente porque não o sinto. Quando nada encontro, quando ouvi-lo do exterior não preenche esse vazio, olhar para dentro de mim torna-se a única alternativa. Então, fecho-me e torno-me egoista esperando voltar a sentir o que já sentira outrora, nos momentos em que me sentia completo, sem ruído, uno comigo próprio. Começo a ocupar-me, a fazer coisas que gosto de fazer. Fazê-las era sinónimo de bem estar interior. Na verdade, estou a viciar o resultado fazendo todas estas coisas para encontrar a felicidade de ser Eu em vez de ser feliz para ganhar motivação para desfrutar plenamente dessas experiências que me fazem sentir vivo. No final, desisto pois não há nada a fazer para sentir felicidade dentro de mim, para me sentir completo. A plenitude é um sentimento inerente ao facto de estar vivo. A felicidade é o estado natural da vida. E com ela, todas as grandes virtudes vêm por acréscimo. Ao estar feliz somente por ser eu, deixo de me sentir só. Deixo de sentir que o exterior deve preencher qualquer vazio pois ele já não existe inevitavelmente.
De que serve procurar algo que sempre esteve lá à partida?

Sem comentários: