quinta-feira, 20 de março de 2008

Impaciência

Costumo traçar metas para a minha vida que se traduzem em objectivos. Traçadas, é natural procurar uma forma de as atingir. Começo a avaliar uma forma de encontrar o rumo a seguir para concretizar o pretendido. Normalmente, existe sempre um processo mental exaustivo antes de tomar qualquer decisão da minha parte. Após o primeiro passo, começo a avaliar se este é realmente o caminho certo. Sempre que existir algum impasse, a pergunta de se realmente a escolha anterior estava correcta volta ao de cima. Na verdade, toda esta avaliação cansativa leva-me a nunca acreditar que uma vez escolhida a próxima meta, todo o universo estará a agir em uníssono para que este objectivo seja atingido. Como posso acreditar que independentemente das opções que escolho, sejam elas boas ou más de acordo com o meu julgamento delas, não estarão a apontar para o final pretendido? Como será possível ter essa sorte?
Em caso concreto e de acordo com a minha experiência, sempre que defini a forma como quero atingir algo, rara foi a vez que o caminho foi idêntico ao esperado. E sempre que tentei orientar a minha vida para uma certa experiência, essa sempre foi concretizada mas de uma forma diferente da que estava expectante e com timings também diferentes. O que estou a dizer é que, hoje acredito que tenho uma “estrela” que me guia para os acontecimentos que quero viver. Que a forma de lá chegar é o mais importante e a parte mais divertida e surpreendente. Que a rapidez com que essa experiência chegará será sempre a mais célere desde que não me focalizo em como chegar onde quero.
Hoje, carpe Diem é a máxima para atingir os meus objectivos. Claro que somente após ter definido o que quero.
O que pode realmente correr mal? Somente demorar mais tempo, ou ficar sem tempo.

Afinal de contas, todos os caminhos vão dar a Roma e Roma é o meu destino.

sexta-feira, 14 de março de 2008

Sexta-feira

Sexta-feira é sinónimo de felicidade para mim. Nesse dia, sinto que o “castigo” da semana de estar onde não quero, chega a mais um fim. Mas é também um dia de ponderação sobre a forma como encarei as dificuldades que se apresentaram ao longo dos dias. Devo confessar que esta foi uma semana complicada. Senti-me estagnado, senti-me preso numa série de opções que não me satisfazem. Várias vezes pensei: Porque me está a acontecer a mim? Qual a aprendizagem por detrás de todos esses sentimentos?
Sinceramente e agora que o fim da semana está próximo, consigo encarar a complicada realidade, na altura, de que nada me aconteceu senão o que eu defini que me acontecesse. Sou responsável pela minha “miséria”. Sou responsável pela minha dor interior. Não quer dizer por tanto que me vou flagelar até sangramento! Nem quer dizer que me sinto culpado da minha tristeza. Somente significa que o mundo não está contra mim. Que eu não tenho de me responsabilizar por ele. E acima de tudo, que sou humano e tenho sentimentos.
Tenho a tendência de culpar os outros de tudo o que me acontece e que sinto estar fora do meu alcance. É fácil dizer que se estou insatisfeito com o meu trabalho é porque o dia me correu mal. Mas admitir que o dia me correu mal hoje aconteceu porque há uns meses escolhi trabalhar aqui, nem se apresenta na equação. Logo faço de mim um pobre coitado que está infeliz por ter uma série de acontecimentos exteriores a influenciar a minha vivência, o meu estado de espírito.
A razão pela qual isso acontece, é porque a minha cabeça está desocupada quando chego a noite a casa. Nessa altura, a acumulação de um dia de sentimentos abata-se nos meus ombros invadindo todo o meu ser. Fecho-me, borbulhando até o momento em que a tampa salta. No final, quem acaba por levar com a explosão, é a única pessoa que sinto que não irei perder por estar a ser aquele ser execrável, a minha companheira.
Será o que realmente quero magoar ou proporcionar momentos desagradáveis aos que mais gosto?

quarta-feira, 12 de março de 2008

RAIVA!!!!!

Raiva penetrante entorpece inconsciente a minha impaciência por um novo dia. Estagnado num frenesim que não é o meu, sinto o tremor de cada partícula do meu ser que grita por outra vivência saboreada num sonho consciente.
Haverá alguma maré menos agitada nesta feira de vaidades ruidosa? Haverá algum respirar profundo, apaziguador e sobretudo saudável neste aquário cheio de ácido corrosivo?
Sinto um desdenho intenso por esta matriz onde não pertenço, onde me perco na tentativa de não me perder. Sinto o que não quero sentir, levando-me a querer fugir longe deste ar poluído pela vontade de alguns de atingir sonhos de outros. Cada dia se torna mais abafador da minha consciência, cada dia se torna mais pesado nos meus ombros frágeis.
Perco a noção do que tenho de fazer pois sou escravizado a fazer o que me é imposto a troco de mais uns trocos de dinheiros que pertencem a um sistema alheio a minha sanidade. Sacudo, no final do dia, as impurezas deixadas na minha alma para ganhar força para o próximo. Na verdade, preciso de uma desinfecção atómica para encontrar a coragem de dizer: NÃO!

sábado, 8 de março de 2008

A família.


Passei por muitos momentos em que sentia que ninguém me compreendia nem a minha família. Eu sou demasiado complexo para ser compreendido, pensava eu, como pode alguém me perceber se nem eu me percebo? Enfrentar a triste realidade de estar enganado e de ser transparente para com os meus familiares fazia-me negar qualquer tentativa de aproximação ou de aconselhamento da sua parte. Isolava-me na minha tristeza. Miserável, achava que estava pré-destinado a sofrer. Os meus familiares, por respeitarem as minhas decisões, deixavam-me no meu canto a castigar-me a mim próprio. Naqueles momentos, pensava que não queriam saber dos meus sentimentos, da minha mágoa pois não vinham ter comigo.
No entanto, sempre que lhes pedia ajuda, eles estavam sempre presentes. A família está sempre presente, é meu espelho. É só estender a mão e alguém estará lá para a agarrar.
Mon petit frère, j’apprends beaucoup avec toi. Ton coeur est une partie du miens. Nous avons le même sang, nous sommes un.

sexta-feira, 7 de março de 2008

Solidão.


Sou uma pessoa carente por natureza. Procuro nos outros o que me faz falta dentro de mim. Força, coragem, satisfacção pessoal, amor próprio, carinho, segurança. Por vezes sinto-me perdido, sinto um vazio a encher o meu ser como se não existisse. Procurar afasta ainda mais o encontro de todas estas virtudes que tanto me fazem falta nesses momentos. Então continuo a espera que os meus amigos, companheiros e familiares me demonstram que afinal eu já tenho estas qualidades. Mesmo assim, não é suficiente porque não o sinto. Quando nada encontro, quando ouvi-lo do exterior não preenche esse vazio, olhar para dentro de mim torna-se a única alternativa. Então, fecho-me e torno-me egoista esperando voltar a sentir o que já sentira outrora, nos momentos em que me sentia completo, sem ruído, uno comigo próprio. Começo a ocupar-me, a fazer coisas que gosto de fazer. Fazê-las era sinónimo de bem estar interior. Na verdade, estou a viciar o resultado fazendo todas estas coisas para encontrar a felicidade de ser Eu em vez de ser feliz para ganhar motivação para desfrutar plenamente dessas experiências que me fazem sentir vivo. No final, desisto pois não há nada a fazer para sentir felicidade dentro de mim, para me sentir completo. A plenitude é um sentimento inerente ao facto de estar vivo. A felicidade é o estado natural da vida. E com ela, todas as grandes virtudes vêm por acréscimo. Ao estar feliz somente por ser eu, deixo de me sentir só. Deixo de sentir que o exterior deve preencher qualquer vazio pois ele já não existe inevitavelmente.
De que serve procurar algo que sempre esteve lá à partida?

Amizades.

Não posso dizer que a minha vivência tenha proporcionado muitas oportunidades de desenvolver amizades de longa duração. De facto, nem tenho parado no mesmo sítio durante tempo o suficiente para tal. Mas também devo admitir que não sou um amigo fácil de lidar com. A minha preocupação em ajudar torna-me pouco flexível na minha forma de o fazer porque sou o eterno crente na nossa responsabilidade em todas as situações difíceis da nossa vida, o que me faz ter pouca compaixão para com os sentimentos dos meus amigos. A razão pela qual sou tão exigente é simplesmente porque o sou ainda mais comigo. Não sabendo olhar para mim como um simples ser humano em sofrimento e não me permitindo falhar assim como acarinhar-me, torna-me uma pessoa aparentemente rígida e fria comigo e com todos.
À medida que fui crescendo, tentei procurar ser a pessoa mais estável possível e claramente, falhei. Compreendo que esta minha estabilidade reside na aceitação da imperfeição da minha personalidade e de outros. Os defeitos tornam-me único. Cada um deles identifica-me como pessoa que sou. O que me perturba, é saber que posso provocar sofrimento a mim e a outros devido a estas imperfeições. Mas esta preocupação deixa-me exausto porque procuro sempre a melhor forma de todos ficarem felizes, incluindo eu. Obviamente, nem sempre a encontro.
Na verdade, sou um amigo em aprendizagem, sobretudo para comigo primeiro. Estou a mudar!

quinta-feira, 6 de março de 2008

Despedidas à porta de embarque

Haverá sítio no mundo onde as emoções são tão fortes? A saudade acompanhada da despedida envolvido numa taça de amor. Numa mistura dolorosa e antagónica por saber que a vida está construída de “encontros e desencontros” para que cada um de nós possa seguir o seu rumo, os seus sonhos, a sua vida. Depois do adeus, o virar de costas com os olhos envoltos em lágrimas sem qualquer espreitadela para trás para atenuar o choro compulsivo que explode dentro do nosso coração.
A maturidade ensina que quando se ama, o respeito pelas opções dos por quem sentimos esse amor fala mais alto que o que gostaríamos que fosse o rumo da pessoa amada. Mas dentro de mim, uma criança algo insatisfeita deseja um caminho alternativo, grita embirrento um destino diferente.
No final, um sentimento de atitude acertada acalma todo esse alvoroço. Respiro aliviado por reconhecer o verdadeiro amor, por saber que cresci.
À bientôt Papa...

quarta-feira, 5 de março de 2008

Música!

Hoje em dia, um aparelho que tem o tamanho praticamente de um chip, que através de 0's e 1's envia para o nosso ouvido uma onda de som digital com grande qualidade. Que prazer poder viver numa era em que se consegue quase toda a música que queremos de uma forma mais simples e sem qualquer inconveniente de se levar para trás a caixa de cd's ou cassetes (para não falar nas malas de vinis) que tanto me recordo. Devo agradecer muitos momentos de prazer a vários artistas que me acompanharam em várias fases da minha vida. Desde o rock dos "Smashing Pumpkins" ao eléctrico do "Benny Benassi" passando pelo chill out de "Kruger and Dorfmeister" e hoje em dia "The Arcade Fire", "Editors", "Sigur Ross", "Nitin Sawhney" e muitos outros claro. cada um toca no mais profundo do meu ser, despertando algo etérico na minha forma de ver a vida.

Tive em tempos uma conversa com um amigo em que tentávamos definir qual seria a banda sonora da nossa vida. Realmente esta tarefa envolveria um grande esforço mental. Não obstante, acho que tudo começaria com o "Thriller" do Mickael Jackson acompanhado do "like Virgin" da Madonna e ainda o "Wake me up before you go go" dos Wham, aaaaaiiiiiii, a idade começa a pesar... ehehe.
Não consigo imaginar onde isto vai parar, mas fico grato por conseguirmos meter uma orquestra nestes aparelhos minúsculos que hoje, são realmente sinónimos de identidade e felicidade, na minha modesta opinião claro.




Vinis USB (do velho para o novo, a maravilha da tecnologia)

Meu sol.

No café da manhã, sento-me e começo a pensar no dia que me vai pela frente. Escusado será dizer que a motivação se perde quando não estamos a fazer o que realmente queremos da nossa vida. Em algumas ocasiões, arrastar-me-ia até ao meu local de trabalho como um zombie totalmente programado com um pensamento cíclico: "mais um dia, mais um dia...." Hoje, olhei para a frente, para a minha motivação de persistir no meu caminho. Olhei para o amor que sinto pela mulher que escolheu estar ao meu lado apesar dos episódios obscuros que rasgam a minha estabilidade psíquica. Percebi que o que realmente quero está a um momento de distância, que até chegar este momento, a vida continua a correr e que este momento somente está a minha espera, não o contrário. Claro que por vezes gostaria que tudo fosse mais rápido, mas por enquanto porque não usufruir do que a vida tem de bom para me proporcionar? Este estado de vítima corrói toda a minha vitalidade, todo o amor que sinto por mim.
Oh sol radiante, porque espero sempre pela noite esquecendo que é dia? Sinto-me cego pela tua luz, fecho os olhos e nada vejo. Sinto-me cheio de calor quando me acaricias com os teus raios, mas tremo de frio quando o vento gélido sopre na minha direcção. No final do dia quando te escondes no horizonte, sinto que te perdi e anseio pelo dia seguinte. Quando finalmente a minha mente se apazigua, a claridade ilumina cada recanto da minha alma. Nesse preciso momento, aproveito cada minuto que passa e o sol entra pela janela preenchendo o meu corpo. No teu pôr, sei que o meu dia foi pleno e uma brisa de ar fresco penetra no meu ser relembrando-me que estou vivo.
Amo-te mon petit papillon.

Fantasma vivo.

As fotos são sem dúvida alguma a melhor recordação de um momento da nossa vida. Naquele bocado de papel ou na imagem no ecrã do nosso computador, reside a história de um evento, de umas férias, nos quais nos demos ao "trabalho" de tirar a máquina para mais tarde recordar.
Nelas podem ser representados sentimentos, acções, locais ou simplesmente algo que achamos importante registar.

Esta foto, embora possa parecer assustadora, relembrou-me a criança que há em mim e traçou um sorriso alegre assim como saudoso no meu rosto. Levou-me à minha infância no jardim onde eu descia o escorrega e fazia castelos de areia junto com outras crianças. Lembrou-me como a alegria é hoje quase que uma recordação ou um objectivo. Despertou-me e agora sinto-me mais leve, posso continuar o dia com carinho para comigo.
Je t'aime beaucoup Papa! Obrigado por me lembrar que a vida tem sempre um lado cómico.

Boas vindas.

Haverá algo de ínfimo na minha vida que poderei dizer que foi um marco histórico na definição de quem sou?
Hoje compreendo que existem vários pequenos momentos em que a beleza se realce. Nesses momentos relembro-me como é bom viver, que a felicidade é abundante à minha volta, relembro-me quem eu sou.