terça-feira, 2 de setembro de 2008

"Até que a morte nos separa..."

Este último fim de semana foi deveras intenso. Na sexta-feira estive presente para um último adeus ao meu Tio Fernando. No meio de choros e transtornos, estive durante largas horas despreocupado comigo. Durante este período, só me importava estar presente junto dos meus primos e da minha tia. Passei o dia somente a pensar em estar disponível para apoiar a minha família e também de alguma forma tentar aliviar a dor que preenchia todo o ambiente. Nunca me tinha sentido tão altruista como naquele tempo todo.
Com a despedida coexistiu o reencontro com familiares que não via há imenso tempo. Foi um momento importante sobretudo para me relembrar, mais uma vez que nada é permanente pelo que tenho de aproveitar cada segundo.

No dia seguinte, um casamento. Nesse, a alegria era palavra de ordem. Arrebatado com o dia anterior, tenho de admitir que me senti mais em baixo porque tinha voltado para a minha cabeça, para os meus medos.

Em ambos, uma lágrima percorreu o meu rosto. Em ambos, o seu significado foi diferente.

quinta-feira, 21 de agosto de 2008

Terras do oriente.

Há já algum tempo que não escrevia e a vida não tem obviamente parado. Entre mudança de casa, férias pelo meio, a minha vida tem sofrido uma grande reviravolta. Para ser sincero, uma das mudanças que mais me afectou foi ver o meu irmão partir para Macau. Estando a viver em Portugal, e apesar de já não vivermos na mesma cidade, sempre me senti próximo dele só pelo facto de saber que o podia ver somente deslocando-me de carro. Com meio mundo entre nós, tenho sentido de que fomos ambos isolados em celas trancadas em planetas distintos. Parece que a minha liberdade me foi retirada, pois neste momento já não tenho a possibilidade de fazer umas das coisas que mais adoro neste mundo, estar junto do meu irmão mais novo. É claro que a comunicação, a tecnologia e todos as formas de nos ligarmos uns aos outros permite que nos possamos contactar. No entanto, nenhuma tecnologia consegue ainda substituir a presença.
Com uma dor intensa no peito e na garganta, fico descansado somente por saber que o meu irmão tem a coragem de seguir os seus sonhos e hoje tornou-se o meu melhor mestre. Olho para mim e todos os meus medos a tornar-se um simples nevoeiro em comparação com a tempestade de mudar de vida de uma forma tão radical.
Afinal, o que fazemos neste planeta se não formos ao encontro do nosso sonho?
Obrigado maninho por toda esta aprendizagem. Amo-te como amo a vida. Somos iguais! ;)

domingo, 6 de julho de 2008

O meu trabalho

Há já algum tempo que sou informático e que trabalho na área de informática prestando apoio por telefone (tipo call center). O meu primeiro verdadeiro computador só surgiu quando já estava na faculdade a estudar Engenharia Electrotécnica e computadores.
Agora que estou a falar nisso, sei que escolhi esta área porque era uma área em desenvolvimento na qual poderia ter um bom futuro. Mas o que aconteceu foi que simplesmente desisti do curso só concluindo cerca de 1 ano e alguma coisa. Não posso dizer que tenha sido pela dificuldade, mas sobretudo pela falta de motivação, interesse e identificação com o que estava a aprender. Lembro-me de aprender a programar circuitos e perceber claramente que não queria fazer isso a minha vida toda.
Ainda tentando concluir o mesmo, comecei a trabalhar num call center, nem imaginem, de um ISP (Internet Service Provider, i.e., fornecedor de acesso Internet) onde prestava apoio informático. É claro que nunca me senti peixe na água e então decidi mudar de emprego para um outro ISP (vejam lá). Após alguns meses, e talvez porque continuava sem me identificar com o que estava a fazer, mudei para uma outra empresa pertencente à anterior que era uma empresa (não devem mesmo estar à espera) de alojamento de páginas agora (vai lá mudei finalmente lol). Já tendo criado um currículo extenso e conhecimento profundo da área de informática, percebi que me era difícil encontrar algo senão na área de informática ou call center. Depois de me despedir desse outro emprego, estive 6 meses à procura de outra coisa, mas acabava sempre no mesmo. No entanto consegui, passado esse tempo, encontrar outra função num call center, de reservas de milhas online, onde já fazia algo diferente, mas talvez porque eu não acreditava, não me dava qualquer sustentabilidade monetária. Então passado pouco tempo, e porque talvez na minha cabeça o dinheiro somente está nas empresas de informática, fui contratado por uma empresa de renome internacional para prestar apoio técnico por telefone onde me encontro até hoje.
Contando e pondo a minha história por palavras, esta torna-se tão hilariante que me faz sorrir ao ler o que escrevo e digo para mim que o meu sofrimento somente foi criado por mim. Digo sofrimento porque até hoje sempre me senti frustrado com o que faço somente porque há muito (ainda na faculdade) percebi que esta não era a área onde sentia que estava a fazer algo que gosto ou sonho. No entanto, lá me fui tornando melhor conquistando todo o espaço possível e tornando-me de facto um profissional que percebe imenso de informática, mas também continuando, um imbecil (lol) por estar onde não pertenço nem procurando ir ao encontro dos meus sonhos. Para ser sincero, eu já tenho uma área onde quero prosperar, e até já me formei nela, agora talvez o meu medo seja ter receio de não prosperar tanto como em informática?!
Penso que o meu conceito de prosperidade está caducado uma vez que nunca enquadro nela gostar mesmo do que faço. Talvez o faça por palavras mas na minha cabeça, somente quando estou a fazer algo que não me agrada é que sinto que mereço receber bem por isso (um pouco sádico). Tudo o que faço por prazer, dou-o com o coração totalmente aberto e totalmente gratuito. Pobre programação social estúpida (lol).

Momentos.

Por ser humano, há momentos na vida em que o racional pode se tornar o meu pior inimigo. Ontem várias situações que observei, não somente as minhas, fizeram-me prova do que estou a dizer.
De uma forma geral, ontem percebi que o sentimento só é sentimento quando interpretado pela minha mente. Não estou a dizer que não sou capaz de sentir sem interpretar, estou a dizer que o sentimento percebido é simplesmente o que é quando mentalmente o percebo. Em caso contrário, e se a minha mente não o perceber, o meu sentimento é um impulso descontrolado a uma situação exterior.
Mais uma vez controlo é a palavra do dia. No meu mundo ser control-freack é evitar dor, é evitar o inesperado. Isso não será também evitar a vida? O que me diz a minha experiência é que quando mais controlo, mais distraído da realidade estou, torno-me um robot pré-programado pela minha mente que viva em modo automático para chegar a um fim. É como andar à chuva e fazer tudo para não se molhar. No final chego seco ao destino, mas a viagem e os locais por onde passei perderam-se.

quarta-feira, 2 de julho de 2008

O largar do velho para dar lugar ao novo


Hoje fui ao dentista para tratar de um molar que me provocava dores na parte lateral direita do meu rosto e também enchaquecas. Depois de avaliada a situação, tive de o arrancar. Tenho de dizer que por uns instantes, senti que era somente mais um dente mas pouco depois, comecei a sentir como que um apego ao MEU dente. Digo MEU porque o que estava a sentir era claramente um sentimento de posse. Rapidamente pensei em toda a dor que me provocava esse dente que pela avaliação da minha amiga dentista não tinha qualquer uso, e perguntei-me se realmente preferiria ficar com dor ou simplesmente arrancá-lo. Ainda houve a possibilidade de o desvitalizar mas somente iria ocupar espaço e talvez poderia continuar a perturbar no futuro.
Depois de arrancado, e já fora do consultório, comecei a ponderar sobre toda esta experiência. Devo dizer que mesmo parecendo uma situação completamente normal e talvez banal, esta oportunidade teve a sua parte espiritual. Comecei a perceber que é frequente guardar partes de mim (objectos, experiências, pessoas...) mesmo depois de me provocar dor e de já não terem qualquer utilidade para a minha vida, somente para não sentir que perdi essa parte. Naquele momento, compreendi que é importante para mim saber que nada é eterno e que tudo é efémero. E como tal, tenho de me sentir preparado para simplesmente deixar para trás e continuar em frente quando surgir a altura de o fazer.
Adeus dente querido, o nosso tempo junto simplesmente terminou.

sábado, 28 de junho de 2008

Abraçado por un anjo


Ao longo desta semana que passou, uma montanha russa de emoções avassalou o meu estado de presença. Estive outra vez a trabalhar à noite. No meio da solidão nocturna, fui invadido por um profundo vazio que preencheu cada partícula do meu ser. Não posso dizer que não gosto da noite, a sua serenidade, estar fora do frenesim diário da metrópole, mas o meu sistema parece ter dificuldades em adaptar-se, sobretudo porque normalmente, só trabalho nesse horário durante uma semana.
O que normalmente me incomoda é deixar-me corromper pela suposta “necessidade” de dinheiro e deixar-me levar pela crença de que tenho mesmo de trabalhar à noite. É claro que associada a esta decisão está a perturbação da minha vida própria, a minha vida fora do trabalho. Toda esta insatisfação acaba por repercutir-se nas minhas relações pessoais e sociais claro. Fico apático, fecho-me no meu pensamento isolando-me no meu cantinho. Tudo parece um problema nessa altura. Esqueço-me da minha vida, esqueço-me do que realmente é importante para mim focando a minha atenção sobre a minha miséria que passou a ter toda a minha energia. Tudo o resto tornou-se relativo até a minha relação conjugal. De repente, nada estava bem. Todas as pessoas à minha volta eram um amontoado de defeitos, eu próprio o era. Falar com alguém tornava-se castigo pois o meu espaço era invadido. Obviamente que o que procurava era paz mental.
Escusado será dizer que acendi várias discussões as quais não ficaram saradas depois de terem acontecidas.
Mas no final, depois de um remoinho mental pensei inadvertidamente e por sugestão, como seria se no dia seguinte algo acontecesse a uma pessoa que amo. Quereria que as minhas últimas palavras fossem as que tive com as pessoas com quem me relacionei e com quem fui um mal disposto? Gostaria de me despedir das pessoas com quem fiquei zangado sem qualquer razão aparente senão a minha vontade egoísta de descarregar a minha insatisfação? Seria essa a forma como me quereria despedir delas? Nos segundos que se seguiram, todos os meus problemas, todas as minhas preocupações se tornaram completamente insignificantes. Todo o meu ser ficou repleto de amor. Senti-me novamente abraçado pelo anjo que me acompanha. Tinha finalmente percebido toda a amplitude da frase que toda a semana tinha escrito e reescrito na minha mão como algo a recordar e a aplicar: O que resiste, persiste.

sexta-feira, 20 de junho de 2008

The perfect storm of emotions?

Depois de ter publicado o último post, algumas coisas aconteceram. Disse que existem aqueles dias em que nada perturba a nossa disposição por pior que seja a situação. Ontem foi um teste árduo e fui posto a prova mais vezes ao longo do dia. É claro que nada do que possa ter acontecido é algo significativo o suficiente para me deixar perturbado, somente porque tudo é relativo, ou pelo menos foi o que pensei ontem até o momento de ir dormir.
Para relatar brevemente o que me aconteceu, e excluindo a parte menos interessante do dia comum de trabalho. Ao chegar ao carro, vejo que este foi bloqueado pela polícia. O meu primeiro impulso foi claramente ficar aborrecido com a situação. Mas no instante seguinte, lembrei-me do que tinha escrito no post anterior e disse para mim: “hoje não vou permitir que nada perturbe a minha disposição”. Logo de seguida, contactei a polícia, e aguardei serenamente, a ler o meu livro durante uma hora, que o carro fosse libertado, tudo claro depois de pagar as multas de desbloqueio e de mau estacionamento. Durante essa hora, senti-me incomodado por perder 60euros (valor da multa), com o facto de ter de lidar com a autoridade e também por estar a espera. Mas todos estes sentimentos que oscilaram entre raiva, receio, vitimação e muitas outros, foram sempre sobrepostos pela minha vontade de não perturbar a minha boa disposição. Já a chegar a casa, vejo que os estacionamentos estão totalmente esgotados e ainda por cima, é dia de jogo de Futebol no Europeu onde Portugal está nos quartos de final. Obviamente, lá fiquei mais 1h30 a espera que alguém se dispusesse (ou que não gostasse de ver Futebol uma realidade diminuta em Portugal) a ceder-me o seu lugar.
Tenho reparado que após estes episódios, tenho tentado firmar-me na minha vontade de não me deixar abalar pelos factores exteriores, e hoje parece que a minha vontade está a tentar ser contrariada novamente. Talvez energeticamente seja altura para ser posto a prova, talvez existe alguma aprendizagem, neste momento não importa. Sei que sou humano e as emoções são para serem sentidas, mas sinto-me bem cada vez que ultrapasso cada desafio difícil com toda a serenidade e total amor. Pode parecer que me estou a submeter, pode parecer que estou em negação, mas neste momento não há qualquer julgamento que me importa porque me sinto bem comigo e com todos.
O dia continua quente e fantástico, e o fim de semana está à porta.

quinta-feira, 19 de junho de 2008

Um dia feliz...

Existem sempre aqueles dias em que sem razão aparente, acordamos bem disposto e mesmo que ao longo do dia algumas desavenças se atravessam no nosso caminho, a nossa disposição não se altera. Hoje está a ser um desses dias.
Acordei cedo para fazer análises médicas que sempre me costumam deixar apreensivo. Mas hoje, estava bastante calmo. Tinha de estar no trabalho o mais cedo possível sendo que a minha hora de entrada era ás 9h30. Por isso, acordei por volta das 07h30, ou melhor essa foi a hora em que me levantei depois de ter deixado o despertador tocar largos minutos. 10 minutos depois de sair da cama, já estava no carro a caminho das clínicas. Digo clínicas porque existiam duas na listagem que tinha comigo. Ao dirigir-me para a primeira, apercebo-me que estou perto da segunda (eheh) porque me enganei na morada. A minha “sorte” era que a rua da segunda era a continuação da rua da primeira clínica (aquela hora não se pode esperar muito mais). Ao chegar à porta, o 46ºA, dou de caras com um acesso bloqueado onde, abrigado, se encontra um sem abrigo a dormir profundamente. Espantado com a situação, dou umas voltas para tentar perceber se estava outra vez enganado. Acabo por desistir pensando que sempre haveria uma segunda hipótese.
Ao chegar ao segundo destino, e já depois do meu segundo estacionamento pago, a recepcionista lê extensamente a carta que recebi da seguradora sempre com ar duvidoso quanto a razão pela qual me encontrava naquele local. Após confirmar com uma colega, sou informado de que embora a clínica tenha possibilidade de realizar exames, este não seria o local indicado (repare que esta clínica me poderia ter feito os tais exames) uma vez que não tinham acordo com a seguradora em questão. Aconselhou-me a tentar a minha “sorte” duas portas ao lado (mais uma clínica) para ver se me podiam ajudar. Entre as duas, tento telefonar para a tal seguradora (onde estou a fazer um seguro de vida). A mensagem indica-me que devo telefonar nos dias úteis entre as 8h30 e a 19h, naquele momento eram 8h45 (em horário português ainda não eram 8h30 lol). Já no final desta minha aventura, é claro que a tal outra clínica não tinha qualquer acordo mas a recepcionista percebe que mesmo que não tenham acordo e por se tratar de um laboratório clínico, poderia efectuar as minhas análises utilizando um seguro de saúde ao qual pertenço (devo admitir que fiquei surpreso pela eficiência e perspicácia desta senhora depois de ter sido atendido tão atenciosamente anteriormente lol).
Depois disto tudo, ainda consegui chegar a tempo de beber o meu decaf matinal antes de entrar no trabalho.
Na minha cabeça reinava um pensamento: “ se eu tivesse stressado neste processo todo, teria demorado o dobro do tempo, ou mais, e teria de correr para o trabalho”. Mas ao contrário disso, fui muito bem atendido da segunda vez (ou será terceira) por pessoas bem dispostas e amáveis com um sorriso gigante e ainda consegui beber o meu decaf em paz. E claro, a cereja em cima do bolo, o céu estava limpo com um sol maravilhoso a aquecer a minha alma.
Que dia fantástico EHEHE.

segunda-feira, 16 de junho de 2008

Incêndio no escritório!?!

Há alguns dias atrás, aconteceu um episódio engraçado mas deveras estranho que demonstra o quão calmo o Português pode ser.
No meio de obras no escritório onde trabalho, o alarme de incêndio tocou por duas vezes. Na primeira, um silêncio percorreu todos os empregados (eu inclusive) que deslocaram imediatamente o seu olhar em direcção do seu superior hierárquico. Passado alguns segundos, ainda ninguém se tinha levantado embora alguns ainda tentaram, talvez por curiosidade, perceber o que se estava a passar. Estes foram imediatamente interceptados com um aviso de se manter sentados até ordem em contrário. Ainda com o alarme a tocar, já todos estavam a continuar o seu trabalho como se de algo normal se tratasse. É claro que tenho consciência de que se fosse realmente um incêndio, teríamos sido levados a evacuar o edifício, mas não deixou de ser um episódio engraçado que até poderia ter servido de um bom exercício para todos os intervenientes mas não passou somente de um momento invulgar completamente ignorado.
Para fechar, recebemos passado uns minutos, um email geral onde se apresentava uma explicação dos procedimentos a seguir no caso de um incêndio assim como da razão do acontecimento com a indicação de que este poderia não ser um acontecimento único, e de facto não foi.
Ai povo pacífico que somos…

quarta-feira, 4 de junho de 2008

Noites


Esta semana estou a trabalhar à noite. De repente, trabalhar é somente sinónimo de estar em frente ao computador a aguardar ensonado o final do turno. Com essa mudança de horário, acompanha-se um sentimento de deslocado. O meu organismo pede por comida durante o dia, de noite o pedido é de descanso. As rotinas perdem-se, a sociabilidade acompanha. Em paralelo, o dia torna-se uma intensidade de luz que fere a vista. O silêncio presente no escritório permite ouvir a voz na minha cabeça que, calma e serena, procura somente pacificar. No meio de conversas com o colega que partilha comigo as noites, cria-se uma amizade mais profunda e também mais sincera. Não me sinto um homem nocturno mas o reencontro comigo mesmo permite-me dar valor ao que muitas vezes acabo por esquecer: as pessoas são parte integrante da minha vida e nelas encontro uma parte de mim, encontro a minha plenitude.

sexta-feira, 30 de maio de 2008

Publicidade amiga do ambiente ou do consumidor?

Encontrei, no blog indicado em baixo, uma informação que me pareceu, além de coerente, bastante esclarecedora em relação a publicidade de automóveis catalogados como verdes, ou amigos do ambiente etc. Devo acrescentar que não elaborei uma pesquisa totalmente exaustiva sobre o assunto, mas este blog alertou-me para um factor importante esquecido por uns instantes (pelo menos na parte que me toca) e por todos conhecido, a publicidade segue as modas. Estamos a passar por um período em que estamos todos preocupados com o estado do nosso planeta (pelo menos uma boa parte) e é claro que havendo uma massa significativa de pessoas, seja criado um produto para satisfazer as "necessidades" dessas. Nesse sentido, o produto ganha uma nova imagem que entra em acordo com a procura, uma imagem ecológica. Este post somente serve para chamar a atenção de cada um em optar com consciência na aquisição dos produtos ditos ecológicos.

Peço-vos uns segundos para lerem o conteúdo deste post.

http://menos1carro.blogs.sapo.pt/61172.html

quarta-feira, 28 de maio de 2008

A dor serve para alguma coisa?

Ainda de manhã, sempre no caminho para o trabalho (parece que a minha vida somente se resume ao antes e depois do trabalho ehehe) o dia apresentava-se húmido. Ao cruzar uma esquina, equilibro-me numa contorção corporal dolorosa mas permanecendo erecto e seco, após ter derrapado sobre a calçada molhada. Uma dor aguda percorre o meu corpo abrindo espaço para pensamentos sobre a razão daquele evento. De imediato, começo a vitimar-me num choro infantil no meio do qual afirmo que se o dia começou desta forma, este iria prometer ser um dia complicado. Ao sair do metro e já tendo esquecido o episódio doloroso anterior, uma rajada de vento faz embater contra a minha cabeça o chapéu de chuva. Sentindo-me infeliz, começo a perguntar-me porque me acontece isso? E de um momento para o outro, a junção dos dois eventos tornam-se cada vez mais importantes. Sempre mantendo o pensamento positivo, ignoro o sucedido com afirmações também positivas. Alguns minutos depois, outra rajada atinge-me novamente com o chapéu de chuva. Raivoso, começo a praguejar afirmando que somente a mim pode acontecer tal injustiça. “O que terei feito para ser fustigado daquela forma” pergunto-me, “será que mereço tal castigo”, já mais calmo, “ será que existe alguma aprendizagem atrás desta miserável experiência” a partir daí, uma espiral mental é criada numa tentativa de interpretar se estava com a cabeça na lua, ou se porventura deveria parar com a minha inútil meditação matinal que deveria ajudar-me a evitar estes “desenraizamentos”, entre outras possibilidades absurdas. Insatisfeito, desisto de perceber e digo para mim mesmo: “seja o que for, isto não me irá estragar o meu dia”. Triunfante, chego ao trabalho e acendo um cigarro para queimar os últimos minutos antes de entrar. Ao esvaziar a mente de qualquer pensamento contemplando a vegetação a minha volta, olho para o cigarro e de repente, apercebo-me que estou a fugir ao nervosismo. Que estou a fumar porque me faz sentir mais calmo e ajuda-me a esquecer os momentos mais dolorosos nem que seja durante aqueles breves segundos entre acender e apagar o cigarro. Naquele momento, estou totalmente dedicado a inspirar um veneno, o fumo do tabaco, e expirar outro, a dor de momentos mais complicados.
Algumas perguntas surgem depois deste momento: “Haverá alguma razão para fugir a dor? Não será ela necessária para nos sentirmos vivos?”. Acabo por concluir que a minha vida é uma sequência frustrada em nunca sentir mal-estar. É claro que nunca tive sucesso nessa tarefa.

terça-feira, 27 de maio de 2008

Ter ou não ter...

Há já algum tempo que não escrevo e já existe muito por dizer.
Tenho passado por uma fase em que muitos projectos se encontram em standbye o que me tem ocupado a cabeça quase que constantemente. Olhando para trás e ainda com muito por fazer no futuro, tenho-me apercebido que uma vez lançado o isco, temos que esperar que o peixe morda. Racionalmente, isto já fazia sentido na minha cabeça, emocionalmente tudo deveria ter sido concretizado ontem.
No meio de toda estes remoinhos mentais, ainda tive tempo para vislumbres lúcidos que me limitei a guardar para mim próprio. Egoísta ou não, a preguiça conquistou a minha motivação assim como a minha vontade de escrever. Para mim, cada pensamento poderá ter sido valioso para me acalmar, e agora decidi partilhar um pouco de mim com a esperança que venha a ajudar outros neste momento ou noutro.

Ontem estava a regressar de férias e, ao olhar a minha volta quando me deslocava para o trabalho, apercebi-me de toda a publicidade que se encontra à minha volta. Estar fora da metrópole durante uns dias fez-me desligar desses anúncios constantes e voltar fez-me reparar em todo o marketing que nos rodeia. É claro que fiquei admirado por parecer que era a primeira vez que me apercebia de todo esse ruído visual como se fosse um ser completamente estranho àquele meio.

Tudo começou quando passava por um homem que tinha na sua posse um telemóvel de tecnologia avançada, durante um segundo apeteceu-me possuir esse pequeno aparelho de uso obsoleto uma vez que no meu bolso esquerdo estava uma versão não tão recente mas tão funcional pelo menos. No meio do trajecto até ao trabalho, é claro que vários cartazes publicitários, televisões, rádios sugeriam objectos e experiências tão importantes para a minha felicidade como para a minha afirmação egóica como ser bem sucedido socialmente. Logo após, ao sair do metro, uma fila de carros de várias marcas empurravam-se devagar na esperança de ter tempo para chegar ao trabalho. Ao olhar para o trânsito, comecei a avaliar qual seria o carro mais adequado para as minhas necessidades e qual seria o que sonharia um dia ter. Tudo isso tendo um outro já estacionado perto da minha casa.
Já perto do meu trabalho, acordo desperto rindo-me de mim próprio como quando se olha para uma criança trapalhona. Nesse instante, a forma como todo essa comunicação externa afectou a minha vida direccionando as minhas escolhas de uma forma consciente ou inconsciente fez-me sorrir por ter ficado consciente novamente.

quinta-feira, 10 de abril de 2008

O suspiro “ai..ai..”

Hoje estava a falar com algumas pessoas com quem trabalho e constatei que existe sempre um momento em que a conversa parece chegar a um ponto depois do qual os assuntos esgotaram. Nessa altura, lembrei-me dos “desbloqueador de conversas” que o Nuno Markl tão bem definiu. Nesse caso específico, o desbloqueador ocorreu depois de um grande suspiro meu e de outra pessoa seguido de um “ai…ai…pronto…tenho de ir” de ambas as partes. Depois dessa situação, estive atento a outros momentos em que reparei ser um padrão recorrente num ambiente profissional. Normalmente, este desbloqueador surge depois de uma extensa e quase exagerada conversa meteorológica e de recordações sem conteúdo de tempos mais quentes, frios, pluviosos etc…
“E o tempo hoje parece estar melhor que ontem…ontem é que esteve mesmo mal com aquele vento todo…" - olhando para o infinito - "nunca mais é verão…”- suspiro - “ai…ai…pronto…tenho de ir embora”

quarta-feira, 9 de abril de 2008

Sentimentos fora de controlo.

Ao começar este blog, tinha decidido evitar ao máximo sentimentos que considero negativos. À medida que fui escrevendo, apercebi-me que seria difícil falar desses sem falar dos que podem ser considerados negativos. Para ser sincero, seria difícil à partida, catalogar cada um dos meus sentimentos como positivo ou negativo, uma vez que o que sinto hoje como negativo poderá ser amanhã positivo, e vice-versa. É tudo somente uma questão de perspectiva.

terça-feira, 8 de abril de 2008

Ser completo.


Ao reler o que acabo de escrever e alguns posts anteriores a este, reparei que a palavra perfeição era usada regularmente. Ao reparar nesse pormenor que ainda não tinha reparado, foi-me levado a consciência o seguinte:


"Sou imperfeito por achar que alguma vez poderia ser perfeito".


É claro que qualquer filósofo ou autor o poderia ter dito por outras palavras: "só sei que nada sei", "ser ou não ser, eis a questão" sendo essas afirmações algumas das mais conhecidas.
E também essa não foi a primeira consciência que tive sobre esse assunto.
No entanto, senti-lo dentro de mim fez toda a diferença, nem que seja para um período de tempo reduzido, neste momento sinto-me, completo.

Insatisfacção permanente

No seguimento do post anterior, e também numa sequência mental da minha parte, descobri que existe em mim, uma incessante procura para ser e ter o mais perfeito possível (como já referido anteriormente). Esta procura provoca uma insatisfação constante em tudo na minha vida. Isto é, nunca sinto que está tudo bem. E mesmo quando está, pergunto-me sempre como melhorar. Na verdade, isso poderia até ser um ponto a favor. Na realidade, o que acontece é que há sempre algo a mudar, algo melhor. Claro que há sempre melhor. Mas não haverá suficientemente bom para ficar? Existirá alguma parte da minha vida que consiga nunca querer alterar porque está bem como está?
Toda esta insatisfação, em dados concretos, faz-me olhar a minha volta constantemente a procura de imperfeições. Vejo-me a dizer as pessoas "há algo a mudar aqui", "qual a aprendizagem acolá". Haverá necessidade de sempre mudar para se atingir a perfeição?
Como disse, ou deixei subentendido em posts anteriores, a perfeição humana reside na sua imperfeição. Dito isso, o que me falta para o sentir integramente?

sexta-feira, 4 de abril de 2008

Ser perfeito ou não ser…

A procura da perfeição foi, até hoje, o meu objectivo mais alto. No meio do meu caminho e enquanto tentava atingir um estado em que sentia essa perfeição, andava perdido com tentativas e mudanças constantes de estado, oscilando entre o meu melhor e o meu pior lado da minha personalidade. Sinto que perdi um dos maiores prazeres do meu caminho, ter prazer na minha mediocridade. Toda esta consciência faz-me assumir hoje perante todos que não sou um homem mais ou menos perfeito, mas sim um perfeito mais ou menos.
Não sei o que me reserva amanhã, mas sei que farei MAIS OU MENOS o meu melhor.

terça-feira, 1 de abril de 2008

A anomalia da matrix.

Quando encontro um defeito em mim ou em situações da minha vida, fico feliz por saber que foi trazido à minha consciência, o que me dá a oportunidade de o ultrapassar.

Ego.

Ao trilhar estes meandros da minha vida, pergunto-me se um dia irei encontrar a paz de ser somente o que sou, sem qualquer intenção de ser totalmente perfeito. Gostaria de olhar no espelho todos os dias e dizer para mim próprio: “Eu SOU, nada mais importa”.
Estou cansado de analisar sempre os prós e contra, o certo ou errado, quando no mais profundo de mim mesmo, sei perfeitamente que não existe tal coisa. Todas as interpretações pessoais dualistas são julgamentos egóicos de uma certa situação, pessoa ou objectos.
Estou a ler o livro “Um novo mundo” de Eckhart Tolle, e como este, muitos livros me trazem à consciência algo que sinto na minha essência do ser: Tudo não passa de uma ilusão colectiva. A ilusão de necessidade de algo para ser feliz, a ilusão de precisar de outros para sermos alguém, entre muitas outras que derivam destas.
Compreendo no entanto, que não é fácil quando se tem todo o ruído urbano da publicidade agressiva, do stress, das lamúrias, manter esse pacifismo interior que tanto quero manter. No final, o que interessa é saber que estas questões me demonstram a consciência do meu ego.

quinta-feira, 20 de março de 2008

Impaciência

Costumo traçar metas para a minha vida que se traduzem em objectivos. Traçadas, é natural procurar uma forma de as atingir. Começo a avaliar uma forma de encontrar o rumo a seguir para concretizar o pretendido. Normalmente, existe sempre um processo mental exaustivo antes de tomar qualquer decisão da minha parte. Após o primeiro passo, começo a avaliar se este é realmente o caminho certo. Sempre que existir algum impasse, a pergunta de se realmente a escolha anterior estava correcta volta ao de cima. Na verdade, toda esta avaliação cansativa leva-me a nunca acreditar que uma vez escolhida a próxima meta, todo o universo estará a agir em uníssono para que este objectivo seja atingido. Como posso acreditar que independentemente das opções que escolho, sejam elas boas ou más de acordo com o meu julgamento delas, não estarão a apontar para o final pretendido? Como será possível ter essa sorte?
Em caso concreto e de acordo com a minha experiência, sempre que defini a forma como quero atingir algo, rara foi a vez que o caminho foi idêntico ao esperado. E sempre que tentei orientar a minha vida para uma certa experiência, essa sempre foi concretizada mas de uma forma diferente da que estava expectante e com timings também diferentes. O que estou a dizer é que, hoje acredito que tenho uma “estrela” que me guia para os acontecimentos que quero viver. Que a forma de lá chegar é o mais importante e a parte mais divertida e surpreendente. Que a rapidez com que essa experiência chegará será sempre a mais célere desde que não me focalizo em como chegar onde quero.
Hoje, carpe Diem é a máxima para atingir os meus objectivos. Claro que somente após ter definido o que quero.
O que pode realmente correr mal? Somente demorar mais tempo, ou ficar sem tempo.

Afinal de contas, todos os caminhos vão dar a Roma e Roma é o meu destino.

sexta-feira, 14 de março de 2008

Sexta-feira

Sexta-feira é sinónimo de felicidade para mim. Nesse dia, sinto que o “castigo” da semana de estar onde não quero, chega a mais um fim. Mas é também um dia de ponderação sobre a forma como encarei as dificuldades que se apresentaram ao longo dos dias. Devo confessar que esta foi uma semana complicada. Senti-me estagnado, senti-me preso numa série de opções que não me satisfazem. Várias vezes pensei: Porque me está a acontecer a mim? Qual a aprendizagem por detrás de todos esses sentimentos?
Sinceramente e agora que o fim da semana está próximo, consigo encarar a complicada realidade, na altura, de que nada me aconteceu senão o que eu defini que me acontecesse. Sou responsável pela minha “miséria”. Sou responsável pela minha dor interior. Não quer dizer por tanto que me vou flagelar até sangramento! Nem quer dizer que me sinto culpado da minha tristeza. Somente significa que o mundo não está contra mim. Que eu não tenho de me responsabilizar por ele. E acima de tudo, que sou humano e tenho sentimentos.
Tenho a tendência de culpar os outros de tudo o que me acontece e que sinto estar fora do meu alcance. É fácil dizer que se estou insatisfeito com o meu trabalho é porque o dia me correu mal. Mas admitir que o dia me correu mal hoje aconteceu porque há uns meses escolhi trabalhar aqui, nem se apresenta na equação. Logo faço de mim um pobre coitado que está infeliz por ter uma série de acontecimentos exteriores a influenciar a minha vivência, o meu estado de espírito.
A razão pela qual isso acontece, é porque a minha cabeça está desocupada quando chego a noite a casa. Nessa altura, a acumulação de um dia de sentimentos abata-se nos meus ombros invadindo todo o meu ser. Fecho-me, borbulhando até o momento em que a tampa salta. No final, quem acaba por levar com a explosão, é a única pessoa que sinto que não irei perder por estar a ser aquele ser execrável, a minha companheira.
Será o que realmente quero magoar ou proporcionar momentos desagradáveis aos que mais gosto?

quarta-feira, 12 de março de 2008

RAIVA!!!!!

Raiva penetrante entorpece inconsciente a minha impaciência por um novo dia. Estagnado num frenesim que não é o meu, sinto o tremor de cada partícula do meu ser que grita por outra vivência saboreada num sonho consciente.
Haverá alguma maré menos agitada nesta feira de vaidades ruidosa? Haverá algum respirar profundo, apaziguador e sobretudo saudável neste aquário cheio de ácido corrosivo?
Sinto um desdenho intenso por esta matriz onde não pertenço, onde me perco na tentativa de não me perder. Sinto o que não quero sentir, levando-me a querer fugir longe deste ar poluído pela vontade de alguns de atingir sonhos de outros. Cada dia se torna mais abafador da minha consciência, cada dia se torna mais pesado nos meus ombros frágeis.
Perco a noção do que tenho de fazer pois sou escravizado a fazer o que me é imposto a troco de mais uns trocos de dinheiros que pertencem a um sistema alheio a minha sanidade. Sacudo, no final do dia, as impurezas deixadas na minha alma para ganhar força para o próximo. Na verdade, preciso de uma desinfecção atómica para encontrar a coragem de dizer: NÃO!

sábado, 8 de março de 2008

A família.


Passei por muitos momentos em que sentia que ninguém me compreendia nem a minha família. Eu sou demasiado complexo para ser compreendido, pensava eu, como pode alguém me perceber se nem eu me percebo? Enfrentar a triste realidade de estar enganado e de ser transparente para com os meus familiares fazia-me negar qualquer tentativa de aproximação ou de aconselhamento da sua parte. Isolava-me na minha tristeza. Miserável, achava que estava pré-destinado a sofrer. Os meus familiares, por respeitarem as minhas decisões, deixavam-me no meu canto a castigar-me a mim próprio. Naqueles momentos, pensava que não queriam saber dos meus sentimentos, da minha mágoa pois não vinham ter comigo.
No entanto, sempre que lhes pedia ajuda, eles estavam sempre presentes. A família está sempre presente, é meu espelho. É só estender a mão e alguém estará lá para a agarrar.
Mon petit frère, j’apprends beaucoup avec toi. Ton coeur est une partie du miens. Nous avons le même sang, nous sommes un.

sexta-feira, 7 de março de 2008

Solidão.


Sou uma pessoa carente por natureza. Procuro nos outros o que me faz falta dentro de mim. Força, coragem, satisfacção pessoal, amor próprio, carinho, segurança. Por vezes sinto-me perdido, sinto um vazio a encher o meu ser como se não existisse. Procurar afasta ainda mais o encontro de todas estas virtudes que tanto me fazem falta nesses momentos. Então continuo a espera que os meus amigos, companheiros e familiares me demonstram que afinal eu já tenho estas qualidades. Mesmo assim, não é suficiente porque não o sinto. Quando nada encontro, quando ouvi-lo do exterior não preenche esse vazio, olhar para dentro de mim torna-se a única alternativa. Então, fecho-me e torno-me egoista esperando voltar a sentir o que já sentira outrora, nos momentos em que me sentia completo, sem ruído, uno comigo próprio. Começo a ocupar-me, a fazer coisas que gosto de fazer. Fazê-las era sinónimo de bem estar interior. Na verdade, estou a viciar o resultado fazendo todas estas coisas para encontrar a felicidade de ser Eu em vez de ser feliz para ganhar motivação para desfrutar plenamente dessas experiências que me fazem sentir vivo. No final, desisto pois não há nada a fazer para sentir felicidade dentro de mim, para me sentir completo. A plenitude é um sentimento inerente ao facto de estar vivo. A felicidade é o estado natural da vida. E com ela, todas as grandes virtudes vêm por acréscimo. Ao estar feliz somente por ser eu, deixo de me sentir só. Deixo de sentir que o exterior deve preencher qualquer vazio pois ele já não existe inevitavelmente.
De que serve procurar algo que sempre esteve lá à partida?

Amizades.

Não posso dizer que a minha vivência tenha proporcionado muitas oportunidades de desenvolver amizades de longa duração. De facto, nem tenho parado no mesmo sítio durante tempo o suficiente para tal. Mas também devo admitir que não sou um amigo fácil de lidar com. A minha preocupação em ajudar torna-me pouco flexível na minha forma de o fazer porque sou o eterno crente na nossa responsabilidade em todas as situações difíceis da nossa vida, o que me faz ter pouca compaixão para com os sentimentos dos meus amigos. A razão pela qual sou tão exigente é simplesmente porque o sou ainda mais comigo. Não sabendo olhar para mim como um simples ser humano em sofrimento e não me permitindo falhar assim como acarinhar-me, torna-me uma pessoa aparentemente rígida e fria comigo e com todos.
À medida que fui crescendo, tentei procurar ser a pessoa mais estável possível e claramente, falhei. Compreendo que esta minha estabilidade reside na aceitação da imperfeição da minha personalidade e de outros. Os defeitos tornam-me único. Cada um deles identifica-me como pessoa que sou. O que me perturba, é saber que posso provocar sofrimento a mim e a outros devido a estas imperfeições. Mas esta preocupação deixa-me exausto porque procuro sempre a melhor forma de todos ficarem felizes, incluindo eu. Obviamente, nem sempre a encontro.
Na verdade, sou um amigo em aprendizagem, sobretudo para comigo primeiro. Estou a mudar!

quinta-feira, 6 de março de 2008

Despedidas à porta de embarque

Haverá sítio no mundo onde as emoções são tão fortes? A saudade acompanhada da despedida envolvido numa taça de amor. Numa mistura dolorosa e antagónica por saber que a vida está construída de “encontros e desencontros” para que cada um de nós possa seguir o seu rumo, os seus sonhos, a sua vida. Depois do adeus, o virar de costas com os olhos envoltos em lágrimas sem qualquer espreitadela para trás para atenuar o choro compulsivo que explode dentro do nosso coração.
A maturidade ensina que quando se ama, o respeito pelas opções dos por quem sentimos esse amor fala mais alto que o que gostaríamos que fosse o rumo da pessoa amada. Mas dentro de mim, uma criança algo insatisfeita deseja um caminho alternativo, grita embirrento um destino diferente.
No final, um sentimento de atitude acertada acalma todo esse alvoroço. Respiro aliviado por reconhecer o verdadeiro amor, por saber que cresci.
À bientôt Papa...

quarta-feira, 5 de março de 2008

Música!

Hoje em dia, um aparelho que tem o tamanho praticamente de um chip, que através de 0's e 1's envia para o nosso ouvido uma onda de som digital com grande qualidade. Que prazer poder viver numa era em que se consegue quase toda a música que queremos de uma forma mais simples e sem qualquer inconveniente de se levar para trás a caixa de cd's ou cassetes (para não falar nas malas de vinis) que tanto me recordo. Devo agradecer muitos momentos de prazer a vários artistas que me acompanharam em várias fases da minha vida. Desde o rock dos "Smashing Pumpkins" ao eléctrico do "Benny Benassi" passando pelo chill out de "Kruger and Dorfmeister" e hoje em dia "The Arcade Fire", "Editors", "Sigur Ross", "Nitin Sawhney" e muitos outros claro. cada um toca no mais profundo do meu ser, despertando algo etérico na minha forma de ver a vida.

Tive em tempos uma conversa com um amigo em que tentávamos definir qual seria a banda sonora da nossa vida. Realmente esta tarefa envolveria um grande esforço mental. Não obstante, acho que tudo começaria com o "Thriller" do Mickael Jackson acompanhado do "like Virgin" da Madonna e ainda o "Wake me up before you go go" dos Wham, aaaaaiiiiiii, a idade começa a pesar... ehehe.
Não consigo imaginar onde isto vai parar, mas fico grato por conseguirmos meter uma orquestra nestes aparelhos minúsculos que hoje, são realmente sinónimos de identidade e felicidade, na minha modesta opinião claro.




Vinis USB (do velho para o novo, a maravilha da tecnologia)

Meu sol.

No café da manhã, sento-me e começo a pensar no dia que me vai pela frente. Escusado será dizer que a motivação se perde quando não estamos a fazer o que realmente queremos da nossa vida. Em algumas ocasiões, arrastar-me-ia até ao meu local de trabalho como um zombie totalmente programado com um pensamento cíclico: "mais um dia, mais um dia...." Hoje, olhei para a frente, para a minha motivação de persistir no meu caminho. Olhei para o amor que sinto pela mulher que escolheu estar ao meu lado apesar dos episódios obscuros que rasgam a minha estabilidade psíquica. Percebi que o que realmente quero está a um momento de distância, que até chegar este momento, a vida continua a correr e que este momento somente está a minha espera, não o contrário. Claro que por vezes gostaria que tudo fosse mais rápido, mas por enquanto porque não usufruir do que a vida tem de bom para me proporcionar? Este estado de vítima corrói toda a minha vitalidade, todo o amor que sinto por mim.
Oh sol radiante, porque espero sempre pela noite esquecendo que é dia? Sinto-me cego pela tua luz, fecho os olhos e nada vejo. Sinto-me cheio de calor quando me acaricias com os teus raios, mas tremo de frio quando o vento gélido sopre na minha direcção. No final do dia quando te escondes no horizonte, sinto que te perdi e anseio pelo dia seguinte. Quando finalmente a minha mente se apazigua, a claridade ilumina cada recanto da minha alma. Nesse preciso momento, aproveito cada minuto que passa e o sol entra pela janela preenchendo o meu corpo. No teu pôr, sei que o meu dia foi pleno e uma brisa de ar fresco penetra no meu ser relembrando-me que estou vivo.
Amo-te mon petit papillon.

Fantasma vivo.

As fotos são sem dúvida alguma a melhor recordação de um momento da nossa vida. Naquele bocado de papel ou na imagem no ecrã do nosso computador, reside a história de um evento, de umas férias, nos quais nos demos ao "trabalho" de tirar a máquina para mais tarde recordar.
Nelas podem ser representados sentimentos, acções, locais ou simplesmente algo que achamos importante registar.

Esta foto, embora possa parecer assustadora, relembrou-me a criança que há em mim e traçou um sorriso alegre assim como saudoso no meu rosto. Levou-me à minha infância no jardim onde eu descia o escorrega e fazia castelos de areia junto com outras crianças. Lembrou-me como a alegria é hoje quase que uma recordação ou um objectivo. Despertou-me e agora sinto-me mais leve, posso continuar o dia com carinho para comigo.
Je t'aime beaucoup Papa! Obrigado por me lembrar que a vida tem sempre um lado cómico.

Boas vindas.

Haverá algo de ínfimo na minha vida que poderei dizer que foi um marco histórico na definição de quem sou?
Hoje compreendo que existem vários pequenos momentos em que a beleza se realce. Nesses momentos relembro-me como é bom viver, que a felicidade é abundante à minha volta, relembro-me quem eu sou.