quarta-feira, 2 de julho de 2008

O largar do velho para dar lugar ao novo


Hoje fui ao dentista para tratar de um molar que me provocava dores na parte lateral direita do meu rosto e também enchaquecas. Depois de avaliada a situação, tive de o arrancar. Tenho de dizer que por uns instantes, senti que era somente mais um dente mas pouco depois, comecei a sentir como que um apego ao MEU dente. Digo MEU porque o que estava a sentir era claramente um sentimento de posse. Rapidamente pensei em toda a dor que me provocava esse dente que pela avaliação da minha amiga dentista não tinha qualquer uso, e perguntei-me se realmente preferiria ficar com dor ou simplesmente arrancá-lo. Ainda houve a possibilidade de o desvitalizar mas somente iria ocupar espaço e talvez poderia continuar a perturbar no futuro.
Depois de arrancado, e já fora do consultório, comecei a ponderar sobre toda esta experiência. Devo dizer que mesmo parecendo uma situação completamente normal e talvez banal, esta oportunidade teve a sua parte espiritual. Comecei a perceber que é frequente guardar partes de mim (objectos, experiências, pessoas...) mesmo depois de me provocar dor e de já não terem qualquer utilidade para a minha vida, somente para não sentir que perdi essa parte. Naquele momento, compreendi que é importante para mim saber que nada é eterno e que tudo é efémero. E como tal, tenho de me sentir preparado para simplesmente deixar para trás e continuar em frente quando surgir a altura de o fazer.
Adeus dente querido, o nosso tempo junto simplesmente terminou.

1 comentário:

zeca afonso disse...

volte dente, volte para mim.....