Esta semana estou a trabalhar à noite. De repente, trabalhar é somente sinónimo de estar em frente ao computador a aguardar ensonado o final do turno. Com essa mudança de horário, acompanha-se um sentimento de deslocado. O meu organismo pede por comida durante o dia, de noite o pedido é de descanso. As rotinas perdem-se, a sociabilidade acompanha. Em paralelo, o dia torna-se uma intensidade de luz que fere a vista. O silêncio presente no escritório permite ouvir a voz na minha cabeça que, calma e serena, procura somente pacificar. No meio de conversas com o colega que partilha comigo as noites, cria-se uma amizade mais profunda e também mais sincera. Não me sinto um homem nocturno mas o reencontro comigo mesmo permite-me dar valor ao que muitas vezes acabo por esquecer: as pessoas são parte integrante da minha vida e nelas encontro uma parte de mim, encontro a minha plenitude.
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