sábado, 20 de novembro de 2010
Metrópolis.
Onde quer que me encontre, essas partes carecem uma da outra. Caminho então à deriva esperando reencontrar o todo. Onde quer que vá, existem só partes de mim. Caminho então para a minha renconstrução.
Num lugar inesperado, eu estou a minha espera. Aqui posso ser eu, aqui posso ser tudo. Esse lugar está em mim. Este lugar é a parte do Todo!
O que tenho, quis.
Não sou o que quero, nem o que tenho. Sou portanto o que sou no meio do que tenho e quero.
Vou descartar o que eu não sou. Aí terei o que quero. Aí quererei o que tenho.
...
Palavras soltas em página também solta
Entro, olho em redor e sinto.
terça-feira, 28 de setembro de 2010
Hoje o tempo parou!
Decerto todos sentiram o próximo segundo a afastar-se e o último a ser esquecido!
As moléculas do meu corpo pararam e contemplaram finalmente o seu habitat.
Reuniram cada átomo que as formava e apresentaram-se uns aos outros pela primeira vez.
Tiveram um momento para encontrar o seu lugar e, humildemente, assumir a sua função.
Arrumaram a sua casa para que tudo o que fosse supérfluo encontrasse nova utilidade noutro lugar.
Diplomaticamente, reorganizaram as suas tarefas para que o seu objectivo colmatasse com o de todas.
Senti, nesse segundo, conforto. Senti, nesse instante, que tudo fazia sentido.
segunda-feira, 20 de setembro de 2010
A luta!
Que formosa é a disposição da minha vida
Que agitada é a vida de uma metrópole
Que intensa é a metrópole do meu berço
Que sereno é o berço do meu espírito
Que sábio é o espírito dos meus irmãos
Que solidários são os meus irmãos de sangue
Que espesso é o sangue das minhas lágrimas
Que penetrantes são as lágrimas de uma criança
Que livre é uma criança do campo
Que pacífico é o campo da minha luta
Que desnecessária é a minha luta pela vida.
domingo, 19 de setembro de 2010
Noite turbulenta.
Esgotado pelo cansaço de uma noite turbulenta e perturbante, deixo-me entorpecido na esperança de encontrar um lugar onde o silêncio me leva a tranquilidade, onde descubro o que me falta para acordar revigorado.
Alheio ao que não me deixa descansar, desejo somente saciar o que o meu ego me deixa ver, o que sinto.
Surdo, deambulo impertinente aguardando um encalço perdido outrora, o caminho para a minha paz.
Desesperado, passo o tempo no meu pensamento, indiferente ao dia que me espera, à oportunidade de encontrar o meu sono.
Passo o prazo e o meu cansaço parece persistir. Rendo-me.
Esgotado pelo cansaço de uma noite turbulenta e perturbante, acordo finalmente com a sensação de ter dormido milénios.
domingo, 14 de março de 2010
Vejo-te.
Existe um espaço na minha mente onde o silêncio preenche o vazio entre cada pensamento. Nele reencontro o combustível que alimenta a minha paz. Vejo porque estou aqui, sinto o meu propósito, saboreio o lugar onde me encontro, acarinho o conhecimento que o exterior me oferece tão generosamente.
A minha voz acanha-se de falar deste espaço, perante um mundo onde as nossas exíguas desavenças tomam proporções que, apesar da boa vontade mas movido pelo infeliz intuito, se compararão a uma tempestade catastrófica. Opto então, em refugiar-me numa descoberta incessante em permanecer onde o sossego me embala com um toque suave e amistoso, com a promessa de que o dia seguinte é uma simples miragem, e ontem nunca existiu. Aí, o espaço não tem limite e o tempo parece uma ilusão.
A minha quietação cria um ruído intenso que me separa deste mundo. O julgamento inicial riposta sem perdão e o silêncio já só é uma recordação. A perdição torna-se o meu fado.
Afinal o espaço na minha mente somente espera espontaneidade! Ele não quer ser desejado, quer ser contemplado!
Existe um espaço na minha mente onde o silêncio preenche o vazio entre cada pensamento. Nele reencontro o momento seguinte.